Pilotar livremente e conhecer outras culturas tornam as aventuras sobre duas rodas cada vez mais presentes na vida dos amantes do motociclismo
O interesse pelo mototurismo pode ser creditado àqueles velhos chavões, que vêm à tona em conversas com os adeptos do mototurismo - sejam membros de motoclubes ou independentes –, de “sensação de liberdade” e “vento na cara”, além de estar em contato com novas culturas e pessoas. Bem justificado. “Vivemos em um mundo muito agitado, precisamos nos distrair. O mototurismo proporciona um conjunto de coisas prazerosas: colocar a moto na estrada, sentir o vento, reunir os amigos, fazer novas amizades, conhecer lugares diferentes”, argumenta o presidente da Associação Brasileira de Motociclistas (Abram), Lucas Pimentel.
Os mototuristas gostam de ir mais longe, cruzar fronteiras, vencer desafios. Mas viagens mais curtas não deixam de ser interessantes. A modalidade pode ser praticada por pessoas de todas as idade(respeitando as regras de trânsito e limites), gostos e bolsos. No caso das grandes viagens, predomina a rapaziada mais madura e com vida estabilizada. “A maioria é de profissionais liberais e empresários, mas está crescendo a participação das mulheres”, diz Pimentel.
Em Curitiba, a tendência aparece com o recém-criado Pandora’s Moto Amigas, somente para mulheres. “Conheci duas meninas em uma oficina mecânica e logo combinamos de viajar até Santa Catarina. A partir daí veio a ideia de sermos pioneiras”, recorda a contadora Catia Saladin. Hoje com sete mulheres, com idades entre 20 e 40 anos, está aberto a novas integrantes. “Sendo mulher, tendo moto e habilitação, pode participar”, convida Catia.
Estradas e conhecimento
O casal Ricardo e Michelle Rauen, de Florianópolis (SC), gosta de viagens longas e desafiadoras. Na estrada desde 2002, adoram passar dias andando de motocicleta e conhecendo lugares diferentes. “Uma viagem de moto reserva emoções a todo momento. As possibilidades são grandes, pois com ela se pode ir a qualquer lugar, sair do seu roteiro, conhecer lugares inesperados”, avalia Michelle.
A paixão e as experiências renderam relatos no livro Dois Corações em Duas Rodas pela América do Sul. Os leitores são levados na garupa do casal a um passeio por destinos como Região dos Sete Lagos e Patagônia (Chile e Argentina), Deserto do Atacama(Chile) e Machu Picchu (Peru). O próximo destino será o Alasca, em junho. “É um grande sonho que será realizado”, comenta Ricardo.
Esse desejo o empresário João Batista de Lima, de Matelândia, no Oeste do Paraná, já realizou. Foram três meses, sozinho, por vezes enfrentando temperaturas negativas e excesso de neve pelo caminho. “Foi uma viagem de autoconhecimento. Estar no meio do povo, em contato com a cultura local, foi muito importante”. Lima viajou mais de 25 países e, para ele, cada roteiro tem suaparticularidade. “Sempre tem o lado bom e as dificuldades, que acabam sendo boas, vendo pelo lado da experiência. Todos tiveram sua beleza”, diz. Seus relatos também estão publicados em livros: Caminhos de um Motociclista e Nas Trilhas da América do Sul.
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Motodicas
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